The Flanders – Longe do Fim

E o Verbo se Fez…

(Jo 1,14)
Eu não sei bem, meu Deus, se, nesta página,
Agora vou dizer, acho que não _ uma heresia…
Ou coisa parecida…
Que me perdoem todos os teólogos
Que têm, por vocação, falar de Vós
E até que eles o fazem muito bem
( se bem que nós coitados, muitas vezes, nem sempre os entendemos claramente; mais é porque somos ignorantes…)
Mas, cada vez que leio, no evangelho, que o Verbo ( o Vosso Filho) se fez carne, eu vejo nesta “carne” mais que o homem e, depois de pensar, ouso dizer:
O Verbo, Vosso Filho, se fez flor
Para falar do Seu Eterno Pai,
Para falar de tudo o que há no céu…
Para dizer que Deus é só beleza
Transfigurada em pétalas de flor
E volatizada em mil perfumes!
Para Falar que o nosso Deus é Paz,
Que Deus é lindo e que descansa a vista,
A visão interior do coração!
Pois então, me querido e bom Senhor,
Fazei que saiba ouvir o Vosso Verbo
Que se encarnou por nós, também na flor,
E se fez Verbo – flor ou Flor – Palavra!.

Divagações de uma Rosa

 

Nossa vida foi feita para o encontro

 

Nos caminhos do amor e da bondade,

 

Mas é triste notar que há descaminhos

 

Que conduzem a tantos desencontros.

 

Nós, entretanto, as rosas, apreciamos

 

Encontrar – nos assim sempre no azul.

 

Deveriam os homens e as mulheres

 

Abraçar – se, também, nesta beleza

 

do azul de um belo amor sem desencontros

 

ou sem certos encontros… se me entendem….

 

O amor foi feito para ser Trindade,

 

Quando homem e mulher com Deus se encontram;

 

Mas isto, infelizmente, me parece

 

Que somente nós rosas percebemos…

 

Com Deus ausente, amor é desencontro,

 

Uma esquisita solidão a dois,

 

Com abraços de corpos sem as almas,

 

O que não tem sentido, pois é a alma

 

Que dá sentido a todos os abraços.

 

Entrelaçam – se os corpos e se encontram,

 

Mas as almas, talvez, nem se conheçam!

 

Eu apenas estou a pensar alto…

 

Que os homens e mulheres não me escutem,

 

Pois, se me ouvirem, eis o que dirão:

 

“Mas que Rosa idiota e ultrapassada!”

 

E continuarão desencontrados

 

E nada entenderão de quanto eu disse.

 

Citação de Deus em músicas seculares

O fato de se gostar de escutar músicas seculares que contenham em suas letras o nome “DEUS” ( nesses casos DEUS não se é o centro e sim algo periférico), constitui pecado contra o segundo mandamento da Lei Divina? 

 
Em primeiro lugar, acho arriscada essa classificação comum que se faz entre “música religiosa” e “música secular”. Para mim o que existe é a classificação a quem (ou ao que) a música é destinada. Se é para o entretenimento ou apreciação das pessoas, ainda que com apelo catequético ou conscientização moral, ou o que for, nada mais é do que música meramente artística, podendo ser popular ou erudita. Se é, porém, destinada ao culto divino, então é um instrumento ritual, sacro, podendo até mesmo ser um sacramental, como o é o canto gregoriano. Fora disso, fica muito difícil especificar outras classificações. Existem músicas destinadas para o público católico, mas que contém letras seculares com alguma mensagem positiva (ex: Rosa de Saron), assim como existem músicas que explicitam trechos bíblicos mas que são destinados para o público em geral (ex: algumas da Legião Urbana etc). O “serviço” de cada música no âmbito de formação religiosa acaba dependendo mais do ouvinte do que da própria música. O que não significa, é claro, que seu conteúdo não transmita, por si mesmo, certas verdades.

Por aí já vemos é é um problema classificarmos em que músicas poderia aparecer a palavra “Deus”. O bom senso indica que ele poderia aparecer numa música secular totalmente descompromissada com apelo religioso, mas dentro de um contexto respeitoso e para elevação de algum aspecto humano (como o amor entre amantes, usando-se frases como “você é um presente de Deus para mim”, etc). Por outro lado, é de extremo mau gosto o uso ou mesmo a referência à pessoa de Deus de forma a retirá-lo da sua contextualização natural (novamente citando a nova formação do Rosa de Saron, na minha humilde opinião) ou essas músicas como Kid Abelha – Deus por favor apareça na televisão  ou Chico Buarque – Cálice .
 
Por outro lado, não se pode dize que o segundo mandamento “Não tomar o Santo Nome de Deus em vão” possa se aplicar ao uso da palavra “Deus” em músicas não ligadas ao culto sagrado. É preciso entender que o “Santo nome de Deus”, na cultura judaica era YHWH, o “Eu sou” ou inefável, que não pode ser denominado. A cultura judaica tinha um profundo respeito pela observância deste preceito. De fato, até hoje não devemos pronunciar termos que propõem a tradução fonética do tetragrama judaico, como infelizmente acontece em algumas de nossas missas.

Já “Deus” não goza do mesmo rigor, porque apesar de parecer estranho, “Deus” não é o nome de Deus. A palavra “Deus” tem o mesmo propósito designativo de “Senhor”, e tem origem inclusive no Zeus grego. O nome de Deus Pai é o mesmo “Eu sou” inefável, mas o nome que Deus escolheu ter quando se fez carne é Jesus Cristo. É por isso que na Liturgia sempre nos curvamos quando ouvimos este sagrado nome, e algumas congregações têm o costume de escrevê-lo sempre em maiúsculas. Assim, o que se aplicava antes a YHWH, hoje em certa proporção pode ser compreendido para JESUS. Também é válido mencionar aqui a festa que se celebra em honra ao Santo Nome de Jesus, por ocasião justamente da ciscuncisão do Senhor oito dias depois do seu nascimento. 

 
Os judeus ortodoxos são os únicos que reivindicam saber exatamente como era a pronúncia do Tetragrama, e a pronunciam apenas uma vez por ano. Seria, então, um mito que a pronúncia verdadeira se perdeu. No entanto, é provável que a pronúncia verdadeira tenha, de fato, se perdido.  
 
“Jeová” é o tetragrama sagrado com as vogais (em hebraico) da palavra Adonai. Não há influência das testemunhas de Jeová. A tradição de se substituir as vogais do tetragrama pelas vogais de Adonai é judaica, pois os judeus temiam pronunciar o nome de Deus. Na Idade Média, o nome Jeová apareceu em escritos cristãos. “Jeová” um termo já consagrado em nossa literatura (aparece, por exemplo, nos poemas de Castro Alves), apesar de ninguém ter certeza da pronúncia do nome de Deus no Antigo Testamento. 
 
O tetragrama é יהוה e é usado desta forma pois pertence a um uso do Hebraico arcaico, onde não usavam vogais nas palavras apenas consoantes, pois as vogais se davam com a “vocalização” das consoantes na hora da pronuncia, acontece que o povo hebreu com o passar do tempo foi perdendo a pronuncia correta, e isto associado ao exílio babilonico onde eram proibidos de pronunciar o nome de Deus, para que sua crença não caisse e não fosse igualada ao culto pagão, entaum não pronunciavam o nome do Eterno nem mesmo nos SHABBAT, e depois do exílio a língua arcaica já era de dificil compreensão, mas o TETRAGRAMA persistiu até como uma identidade religiosa.

Acontece que o uso para JEOVÁ, quem definiu assim foi São Jerônimo na vulgata, e os Judeus aceitaram, mas não nos ritos liturgicos.

São Jerônimo fez uma “vocalização”, e não uma transilteração, ou tradução, misturando o tetragrama YHVHcom a palavra EDONAI, ficando assim YEHOVAH, mas lembre-se que Jeronimo falava alemão logo a sua escrita com o uso de J em Alemão lê-se como sendo I, ou o nosso Y, por isto a grafia é JEOVÁ, devido à grafia usada por Jerônimo, assim como na Palavra Jesus, e lemos como lemos, pois na verdade seria uma transliteração.

 
Na verdade até os MASSORETAS usavam esta grafia, o Jeonimo quem também o adotou.

O que acontece é que a pronuncia correta se perdeu, devido À deficiencia do hebraico arcaico, onde foi necessário que os massoretas intervissem, senão perderiam a TORAH completamente, devido ao esquecimento do povo.

Mas apenas transliteraram para algo parecido com o que falavam e o que permanece é o Tetragrama.
 

Pois se levarmos ao pé da letra teríamos que ler IAVÉ, obedecendo ao conceito da língua hebraica, assim como ao falarmos ECHAD, falamos ERRAD, apenas para obedecer o conceito linguistico de vocalização, mas acontece que se trata de uma transliteração e não obedecemos, mas sim seguimos o nosso sistema linguístico próprio, assim como o nome de Jesus é YESHUA, de Maria é Mirian, Elias é Eliyahu, Jeremias seria Yirmeyáh, entre outros nomes que seriam de difícil pronúncia para nós que falamos uma lingua não semítica.
 
Numa análise vemos nas religiões pagãs o uso de nomes próprios para as suas divindades, tipo VISHNU, ZEUS, etc. Acontece que na Bílbia tanto no NT, como no NT, não é apresentado nenhum nome especifico, mas apresenta POTÊNCIAS ou PROMESSAS, mostrando que não há um nome especifico, mas sim providências, vejamos:
 
EL SHADAI significa Deus Poderoso, mas lembre-se que EL significa O, e SHADAI significa poderoso, onde a particula em destaque EL, indica um uso potencial e único, dentro da concepção semitica num nome.
 
Adonai(Soberano)
 
Ha Adhóhn (O VERDADEIRO), lembre-se que a partícula HA, significa O, assim como EL.

E temos isto vertido muito forte no termo :

EHYEH ASHER EHYEH que significa Eu sou o que sou, indica um Deus providencial, e não causual. E olha que o povo pedia a Moshê por um nome o nome de Deus e Deus mandou que dissesse isto ao povo, pois o nosso Deus não necessita de um nome para que creiamos nele, nossa fé provem de toda ação beatífica, e é isto que a própria Revelação que Deus se faz nos mostra, não temos a necessidade de associar nosso Deus com um nome.

Deus simplesmente é, pura e simplesmente.

 
O uso de D’us, ou D-us, pelos judeus procurando não escrevê-lo completamente parte mais da tradição do que da religião.

Pois há uma proibição do uso do nome do Eterno, não há um nome especifico nem os termos ADONAI, ELOHIM, ou outro qualquer expressa o verdadeiro nome de Deus, mas exprime a sua potência providencial.

O termo Yahveh, Javé ou outro exprime uma auto revelação de Deus, não em seu nome, mas em ATO, pois Deus é ato, palavra em movimento, palavra que tem vida, o Deus da promessa.

E salientando que pecado mortal é àquele praticado contra o Espírito Santo, assim como Jesus nos ensinou, pois o Espírito Santo é a própria ação de Deus em nossas vidas e pecar contra um Ato Beatífico, que o próprio Deus concede por intermédio de sua graça, é ir contra a própria vontade do Eterno.

Os termo Yehovah, Yahveh, exprimem o significado providencial de Deus enquanto o próprio Deus e como Deus não se divide, portanto toda palavra que exprime a potência divina se aplica Deus como unidade.

 
No caso, a transcrição de que se fala seria a do monge Raimundo Martini, em 1278, na obra Pugio fidei, como Jehova/Yohoua. 
 
De fato, em Ap 4,2, Deus é chamado de “Ser” por São João.

Quanto a Yahweh ser o Nome do Deus Uno e Trino, e não de só uma das três Pessoas Divinas,  faz muito sentido, pois Jesus disse “Eu sou” durante Sua vida pública (Jo 8,58), justamente dizendo que Ele é antes que Abraão fosse. Logo, quando Deus, no Horeb, diz “Eu sou” a Moisés, certamente esse pronome “Eu” refere-se à Santíssima Trindade, e ainda assim no singular, deixando transparecer a unidade de Sua essência. Similarmente, Deus disse “façamos” (Gn 1,26), deixando transparecer a Trindade das Pessoas Divinas, antes mesmo de ter revelado isso com clareza, Revelação esta que só foi manifestada no Novo Testamento.

Deus é antes que Abraão ou qualquer outra pessoa fosse. Isso me transmite também a idéia de que Ele, e somente Ele é como é por Si mesmo somente, o único verdadeiro “Ser”, como disseram São João e o nosso amigo Rui; e é desde toda a eternidade. O Filho é gerado do Pai desde toda e eternidade, e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho desde toda a eternidade. Já nós, existimos porque Deus nos criou, somos criaturas e não seres. 

 
Aliás, por falar no Apocalipse, é bonito de ver como em 5,6, São João vê o Cordeiro (Jesus) no meio do trono, mostrando como Ele é um com o Pai e o Espírito Santo; e “de pé, como que imolado”, mostrando que este é o mesmo que foi morto e ressuscitou. Logo em seguida, no versículo 7, Ele “veio e recebeu o livro da mão direita do que se assentava no trono”, mostrando que, ao mesmo tempo em que é, com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, Eles são de fato Pessoas distintas, pois ninguém recebe nada de si mesmo. 
 
Referências:
 
 
 
Apologia del Cristianismo (Parte 1ª e Tomo 1° – Dios y la natureleza), del Dr. Pablo Schanz
 
Curso de Apologética Christã, do Pe. Walter Devivier S. J.
 
Diccionario de Teologia Dogmática – Pe. Pietro Parente
 
Iniciação Teológica (Volume III: O Mistério de Cristo), do Pe. Dr. Maurílio Teixeira-Leite Penido

Deus é um fogo que reanima e inflama os corações e as almas.

Deus é um fogo que reanima e inflama os corações e as almas. Se sentirmos nos nossos corações o frio que vem do demônio – porque o demônio é frio – recorramos ao Senhor e ele virá reaquecer o nosso coração com um amor perfeito, não apenas para com ele, mas também para com o próximo. E o frio do demônio fugirá ante a sua face.

Lá, onde está Deus, não há nenhum mal…

Deus nos mostra o seu amor pelo gênero humano não apenas quando nós fazemos o bem, mas também quando o ofendemos merecendo a sua cólera… Não digas que Deus é justo, ensina santo Isaac ( o Sírio)… Davi chamava-lhe “justo”, mas seu Filho nos mostrou que ele é, antes, bom e misericordioso. Onde está a sua justiça? Nós éramos pecadores e Cristo morreu por nós.

Deus é um fogo que reanima e inflama os corações e as almas.

Foco Força e Fé no Deus do Impossível

 

Sofrer e inevitável para todos os seres humanos, digo o que sei, vivo o que vivo! Mas apesar de todas as situações nos seres humanos, temos a capacidade de acreditar em Deus, nesse Deus que realiza o impossível, por isso sempre em nossa vida precisamos ter foco, força e fé que vem do Espírito Santo. As vezes fala e muito fácil , mas acreditar no Deus do impossível, na praticar e mais difícil se lançar na palavra de Deus. Ouvir a voz do Espírito Santo que nos guia em rumo aos nossos objetivos e sonhos. Temos que ter o Foco da Palavra de Deus que nós fala: A Fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. (Hebreus 11,1), nessa poucas palavras do capítulo de Hebreus, temos a certeza de a Fé e o princípio para se acreditar em Deus, ter esse fundamento da esperança, essa certeza a respeito do que não se vê. Porque acreditar em Deus e acreditar no impossível , não porque nós queremos, mas porque se faz necessário. Deus exige de nós que acreditemos totalmente na palavra dele, nos objetivos e sonhos dele pelo simples fato dele. Poder realizar o impossível que nós seres humanos não podemos.

Mesmo muitas vezes quando não queremos mais acreditar na palavra de Deus. Ele nós da Força. Para ser uma característica natural de Deus sustentar pela força que ele tem os mais fracos, e quando eu digo fraco eu sei que em algumas situações da nossa vida essa palavra se faz presente.

Eu sei que Sou fraco e que minha fraqueza se submeter a força de Deus.

Não existe comparação com minha força e a Força de Deus, ele e supremo Senhor dos senhores, Rei dos Reis ele e único Deus, que pode elogiar a si mesmo, porque ele tem a certeza de que não vai cair na sua própria vaidade. Ele sabe o que fala e vive o que fala ! Para nós Seres Humanos isso tem um nome: caráter! E quando se tratar de Deus, isso pode ser expressado como o Caráter de Deus!

Algo que se define em nós nessas três palavras: Foco Força e Fé

Deus tem:

Foco nós seus Próprios objetivo

Força para que tudo aconteça

de que o impossível e possível

Quando lemos a Bíblia, muita das palavras ali expressadas parece distantes, como se o impossível constituído naquelas palavras, não fosse possível em nossas vidas em nossas situações Parece até que muitas, palavras ou passagens, estão longe de acontecer com a gente.

Mas quando isso acontecer devemos nós questionar?

Será que acreditamos mesmo na Palavra de Deus?

Porque acreditar! Para Deus que dizer lançar-se na palavra dele confiar nele, mesmo que situações estejam em jogo. Ai estamos no parâmetros dos 3F, e quando nós seres humanos temos que Ter FOCO, FORÇA E FÉ no Deus do impossível.

Deus e a Esfinge

Não há nada de semelhante ou de comum entre nosso Deus e a velha lenda da Esfinge que saía pelas estradas da Grécia, dizendo Às pessoas que encontrava: Decifra-me, ou devoro-te e acabou morrendo ao ter enigma decifrado por Édipo. Entretanto, quando se trata de Deus, pode haver diferença que realçam sua beleza, como acontece com a bondade ao lado da maldade ou branco ao lado do preto. Deus nunca nos dirá decifra-me, por saber que Seu mistério não cabe em nossas mentes. muito menos nos dirá devoro-te, porque nos criou por amor e para amor e, um dia, na pessoa de seu filho, foi ele quem se transformou em pão e vinho para ser nosso alimento. O que ele certamente nos diz é: Ama-me ou será infeliz! Mas acho que, ao lado da infinita diferença entre a lendária Esfinge grega e o nosso Deus, pode haver uma pequena semelhança. Os mestres da vida religiosa ou da  espiritualidade cristã vivem falando-nos da importância da meditação para nos aproximarmos  de Deus, a fim de entendermos, quanto pudermos, por pouco que seja , o seu poder, a sua grandeza e , sobretudo, o seu amor e bondade infinita. Todos os milhões de livros publicados por escritores cristãos, durante dois mil anos de cristianismo, que coisa são senão nosso esforço humano para essa aproximação, mesmo sabendo que jamais o captaremos em sua plenitude? Toda essa infinita livraria religiosa que não cessa de ser escrita e publicada ( incluindo estas pobres páginas) é, de certo modo, pensando melhor, Deus dizendo – nos decifra-me, apesar do que dizíamos linhas acima. Jesus, ao declarar-nos no evangelho : Quem me segue não anda nas trevas ( Jo 8,12), não estaria igualmente afirmando que, se seguirmos Seu conselho, ele irá revelar-se à nossa procura? Em outra passagem temos a frase que parece escrita a fim de ser citada dentro desse mesmo contexto: Pedi e recebereis, procurai e encontrareis, batei e abrir-s,e-vos – á ( Mt 7,7) eis aí como uma estória tão velha e tão inverossímil, suavemente anedótica, pode acabar ajudando-nos para uma maior aproximação de Deus. e , assim, iremos, eternidade afora, nunca chegando ao fim, jamais decifrando o mistério divino, mas sempre mais perto do seu Eterno Amor! Na história da esfinge que morreu, ao ser decifrado por édipo, o resultado foi a desgraça do próprio Édipo, descrita no drama mais trágico da história teatral. No nosso caso, porém, quando mais nos aproximamos do mistério de Deus, mais perto chegamos da felicidade.

Encontrar um sentido em sua vida


Os Jovens procuram um sentido em sua vida. Precisamente numa sociedade pluralista, com todas as ofertas dos sentidos de que dispõem, muitas vezes não conseguem reconhecer o que realmente pode ajudar. Não raro sentem junto a outros jovens que eles duvidam de qualquer sentido. Em outras situações foram enganados por promessas de sentido; às vezes não confiam em si e que sua vida tenha sentido. E muitíssimas vezes não veem sentido algum naquilo que fazem. São confrontados com as catástrofes no mundo; presenciam a morte de pessoas inocentes e se perguntam pelo sentido de tudo isso. Para muitos, a procura de sentido é um convite ao ceticismo. Por desespero de não encontrar um sentido para si, foge–se para o ceticismo, pergunta – se pela razão de todas as ofertas de sentido, não se confia em nada. Outros reagem à falta de sentido de sua existência com cinismo e ironia. Mas, com isso, só encobrem seu vazio interior.

A Fé nos dá uma resposta à pergunta pelo sentido, mas não uma resposta que vale para todos. Cada um deve procurar no diálogo com Deus o sentido de sua vida. Mas nisso existem pontos de referência e orientações. A primeira resposta à pergunta pelo sentido da vida é esta: viva a sua vida. Viva está única e exclusiva vida que Deus lhe concedeu. Viva sua pessoa. Você é único(a). se você viver a singularidade de sua pessoa, então sua vida tem sentido, então você transmite com sua vida algo de Deus, que só através de você pode ser transmitido.

A outra resposta: no silêncio perante Deus escuto meu interior a fim de descobrir o sentido de minha vida. Deus me chamou para quê? O que Deus quer de mim? Qual é minha missão? O Sentido de minha vida não consiste apenas em viver autenticamente, mas que também execute minha tarefa neste mundo.  Toda pessoa tem também sua missão, uma tarefa. Não precisamos reformar o mundo inteiro. Talvez minha tarefa só consista em ser uma boa mãe ou um bom pai, ou colocar nesta ou naquela profissão para que o mundo fique mais claro e mais cheio de esperança. Talvez eu sinta um envio para ir a pessoas em necessidade no terceiro mundo ou para encarar alguns pontos da vida em nosso meio ambiente e amenizar o sofrimento.

São exatamente os jovens que precisam de um sentido para leva-los à ação. Precisam de um objetivo que possam perseguir. Um objetivo assim, ao qual dediquem sua vida, desperta sua força e suas capacidades. E gera neles uma energia tal que se engajam pelos outros, que crescem para além de si mesmos. A pessoa somente se torna feliz quando encontra sentido em sua vida, quando sente que sua vida se tornou frutífera para os outros.

A psicologia nos afirma que a vida só tem êxito quando descobrimos um sentido para nós. O terapeuta que mais consequentemente colocou a busca do sentido no ponto central de sua terapia foi Viktor Frankl. Era um psiquiatra judeu que passou por diversos campos de concentração nazistas. Ali fez a experiência de que só sobreviveram aqueles que não se entregaram e descobriram um sentido em sua vida. Após sua libertação, desenvolveu a chamada logoterapia, que trata da questão do sentido. Frankl constatou que as pessoas adoecem quando não veem sentido em sua vida. A Falta de sentido é para ele uma das principais causas do sofrimento psíquico. Conforme sua teoria, existem três aspectos que fazem nossa vida ter sentido. O primeiro são os valores vivenciais. Quando vivencio algo belo, quando contemplo um nascer do Sol, quando sou amado, não pergunto nesses casos pelo sentido; simplesmente sinto minha vida cheia de sentido. O segundo são os valores criativos. Quando faço boa prova, quando realizo bom negócio, quando produzo manualmente algo que corresponde exatamente ao que havia imaginado, então sinto minha vida como tendo sentido. Em terceiro lugar, estão os valores comportamentais. Eles são importantes sobretudo em situações difíceis, como, por exemplo, na doença, no sofrimento, na perda de uma pessoa amada. Não posso anular ou estornar o sofrimento. Mas a maneira com que reajo a ele, isto depende de minha atitude. Posso desesperar- me, mas posso também dar uma resposta ao sofrimento. Frankl diz que o sofrimento não tem sentido em si. Se eu disser a uma mãe, que perdeu seu filho, que isso certamente tem um sentido, vou magoá – la. Não estou autorizado a dizer isso. Preciso, juntamente com a mãe, ao perder um caminho, que a princípio parece sem sentido, sem que fique prostrada de vez. Talvez entenda a mensagem que o filho queria lhe transmitir com sua vida e morte. Se o filho tiver falecido por causa de uma doença maligna, talvez a mãe possa gajar-se na luta contra essa doença.

Viktor Frankl é de crença judaica, que tem grande consideração também pela fé cristã. Vê na fé um bom caminho para dar um sentido à sua vida. São precisamente os valores comportamentais que nos mostram que o importante é sempre a questão da interpretação. A Fé interpreta minha realidade. Não existe vida sem interpretação. Cada um de nós tem suas interpretações pessoais. Quando levanto de manhã cedo e vou ao trabalho, tenho formuladas comigo interpretações inconscientes. Talvez interprete o trabalho como monótono ou como um peso. Nesse caso, também o viverei assim. Se eu interpretar minha vida a partir da fé, tudo recebe um sentido. Não trabalho porque o chefe deseja algo de mim, mas porque recebi de Deus a capacidade de trabalhar criatividade. A Fé também interpreta as pessoas ao meu redor. Crer em Deus significa sempre também crer nas pessoas, no bom cerne que há nelas. Acreditando no bom cerne da outra pessoa, desperto nela o bem. A Fé é algo ativo. Por meio dela fazemos com que se manifeste o bem nas pessoas. A Palavra alemã “Glaubem = crer”, vem da raiz antiga “Liob”, que significa bom. Crer significa, pois ver o bem nas pessoas e no mundo. “Lieben = amar” tem a mesma raiz “liob”. Por isso, amar significa que aquela pessoa que eu olho com bons olhos, eu também a trato bem.

Sente – se bem quieto e pergunte: o que dá sentido à minha vida? Ou também: Qual o sentido que gostaria de dar à minha vida? Qual a tarefa que percebo para mim neste mundo? Onde gostaria de engajar-me? Onde já percebi sentido? Onde sinto a vida como tendo sentido e onde tenho dificuldade em ver um sentido naquilo que acontece? Você não precisa naturalmente ver um sentido em tudo. Algumas coisas realmente parecem sem sentido, ou ao menos não conseguimos vê-lo nem mesmo através da Fé. Mas a Fé pode animá-lo a reagir a este mundo, que parece muitas vezes tão incompreensível e sem sentido, de tal forma que sua vida fique com sentido.