Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade. – Habacuc 2,4.

Regresso ao Lar.

(lc 15, 11 -32)

Um pai tinha dois Filhos e o mais moço disse,

 um dia, a este pai : “Dá – me o  dinheiro da herança que me cabe”. Entre eles dois o pai divide, então , todo o dinheiro…

Pouco dias depois, feita a bagagem,

O mais novo partiu para bem longe e,

Na devassidão, tudo gastou.

Acabado o dinheiro, a carestia

Começou a assolar aquela terra

E ele sentiu, na fome, as consequências…

Foi, então, empregar – se com alguém

Que lhe deu a tarefa de ir aos campos

Para cuidar dos porcos da fazenda.

Sua fome era tanta, que chegava

A desejar comer aquelas vagens

Lançadas aos suínos… entretanto,

Nem isto lhe deixava o capataz.

Um dia, a dor o fez cair em si

E disse, recordando a vida antiga:

“Hei de voltar à casa de meu Pai

E , ao chegar, lhe direi, arrependido:

Eu pequei contra o céu e contra ti;

Não mereço me aceites como filho,

Basta tratar – me como um empregado…”

E partiu, ao encontro do seu Pai…

Bem longe estava ainda, quando o pai

O viu chegando e, cheio de bondade,

Saiu, quase correndo, ao seu encontro:

        Lançou – lhe, logo, os braços ao pescoço

E o cobria de beijos comovido…

O Filho , então, lhe disse: “Pai querido, eu pequei contra o céu e contra ti; não  sou digno de ser um dos teus filhos.”

Mas o pai disse aos servos que chegavam:

“Depressa! Ide, trazei – lhe a melhor roupa;

Enfiai – lhe no dedo um belo anel

E ponde – lhe nos pés boas sandálias!

E o boizinho bonito que cevamos,

Matai – o logo para um bom churrasco.

Vamos todos comer e festejar,

Pois este filho morto reviveu,

O meu filho perdido foi achado!”

E começaram todos o banquete…

Mas o Filho mais velho estava ausente,

Trabalhando no campo; ao regressar, ouviu o som das músicas e danças.

Chamou, então, um servo e perguntou

Que acontecera para tanta festa…

Responde – lhe o empregado: “Teu irmão

Regressou, hoje, ao lar e o pai mandou

Que se matasse aquele bom novilho

Por ele ter voltado com saúde.”

O moço, então, ficou com muita raiva

E, emburrado, não quis entrar na casa.

Saiu fora seu pai a convidá – lo,

Ele, porém, zangado, assim responde:

“Meu pai, há tantos anos que lhe sirvo,

Obedecendo sempre às suas ordens

E não ganhei sequer um cabrito

Para um festa simples entre amigos!

Agora, volta ao lar este devasso

Que esbanjou, com mulheres prostitutas,

A herança que o senhor lhe antecipou

E ganha, em festa, o mais gordo novilho!”

Mas o pai respondeu – lhe compassivo:

“Meu filho, está comigo, tempo todo

E quanto me pertence é teu também…

Mas este teu irmão estava morto

E voltou a viver; perdido estava

E novamente foi reencontrado!”

Ah, que belo contraste mostra a história

Entre esse pai e seu filho mais velho,

Entre o bom Deus, no céu, e nós na terra!

Entre o amor de Deus Pai e o ódio dos homens.

Ah, pobre irmão mais velho, sem bondade,

Que servia a seu pai, isso é verdade,

Mas sempre de olho fixo no cabrito!.